Publicado originalmente em Labnetwork (09/08/2016)
A terceira edição do Clinical Pharmaceutical Solution Through Analysis (CPSA Brasil) aconteceu este ano entre 1 e 3 de agosto no Club Transatlântico, São Paulo, e reuniu 120 especialistas da indústria farmacêutica.
Considerado único no segmento, o evento se caracteriza pela interação entre os participantes, em sua maioria pesquisadores acadêmicos, profissionais da indústria farmacêutica e biotecnológica, prestadores de serviço e provedores de soluções analíticas.
O Program Chair do evento, o médico Carlos Kiffer, explica que o evento foi concebido para ser a convergência entre a ciência e a tecnologia. “O CPSA é o local onde nós fomentamos as ideias, como se fossem sementes, para que um dia a árvore cresça e a gente possa colher os frutos”.
Ao mesmo tempo em que a robusta programação científica – cuja base foram as mais diversas facetas analíticas – enfatizou os métodos laboratoriais, o CSPA privilegiou também a relação entre as pessoas. “A colaboração e a perspectiva do surgimento de consórcios de pesquisas, ou então as expectativas de colaborações interinstitucionais também fazem parte do escopo desse encontro”, esclarece Kiffer, complementando que o mote deste ano foi dar uma visão completa da pesquisa e desenvolvimento farmacêutico, olhando desde a bancada até a beira do leito.
De acordo com o especialista, falou-se desde biofarmacêuticos até pesquisa clínica e pré-clínica, tudo isso passando por metodologias analíticas, que obviamente foi o centro da discussão. “Em resumo, o CPSA é um congresso de essência analítica, mas a serviço do desenvolvimento de um determinado produto”, diz Kiffer.
Peter van Amsterdam, da Abbott, e Philip Timmerman, da Janssen, envolvidos em comitês de padronização de métodos, foram presenças internacionais de peso nesta última edição.
O primeiro dia do evento foi dedicado a três pré-conferências focadas em importantes demandas de mercado, promovidas por Thermo Fisher Scientific, Sciex e Cemsa. Os temas abordados foram, respectivamente, BioPharma Challenges: From Drug Development To Quality Control Strategies, Emerging Trends and Challenges on Pharmaceutical Analysis, e The Momentum And Perspectives Of Drug Discovery And Development In Brazil.
Academia e indústria
Nesse ambiente misto de academia e indústria, não ficou fora das discussões o futuro das pesquisas no Brasil, no que concerne a indústria farmacêutica.
É consenso que o Brasil ainda precisa desenvolver muito sua capacidade de colaboração entre academia e indústria, mas o que se tem visto é que cada vez mais essa colaboração tem acontecido efetivamente e eventos como o CPSA são formatados justamente para fomentar essa parceria.
“O Brasil caminhou bastante nos últimos anos. Nós temos uma tradição forte em ciência básica e acadêmica. Talvez o que nos falte ainda seja exatamente a aplicação dessa ciência básica, feita nas universidades, para gerar produtos que sejam de uso para saúde e que possam efetivamente melhorar a vida dos pacientes”, esclarece Kiffer.
Para o especialista, esse quadro melhorou muito nas últimas décadas com o advento da lei dos genéricos e, mais recentemente, com o surgimento das pesquisas com biossimilares. “Mas ainda temos um futuro pela frente, que está sendo construído. Ainda temos muito o que aprender e colaborar. Não precisamos reinventar a roda, mas talvez aprender a usá-la de uma forma um pouco mais eficiente”, finaliza.